quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Nova Edição da Revista Caruaru Hoje já está nas bancas!


A edição 62 faz uma homenagem a Souza Pepeu, com matérias, fotos históricas e inúmeros artigos de nossos colaboradores.

Traz também reportagens (Mestre Eudócio, novo disco do caruaruense Ortinho), Gastronomia (Flávia de Gusmão escreve sobre a Casadilucio), dicas de cinema, livros, esportes e muito mais.

A Caruaru Hoje você encontra em todas as boas bancas de Caruaru e, no Recife, na Banca da Jaqueira e na Banca Paulista, no Mercado de Boa Viagem.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

1985 e a Ecologia

Hoje o tema ecologia é absolutamente recorrente. Mas o que dizer de alguém que há mais de 25 anos tratava a matéria de forma habitual? Esse é o nome que se dá aos visionários. Esse é o nome que tem que ser dar a Souza Pepeu. Com toda a celeuma envolvendo Serra dos Cavalos em Caruaru, há que se conferir reportagem do mesmo publicada no Jornal do Commercio no distante (ainda mais com o advento da internet) 17 de abril de 1985:

"Os ativistas ecológicos costumam repetir que o homem vem desobedecendo às leis da natureza e se continuar a fazê-lo encontrará proximamente tão grandes dificuldades que jamais conseguirá vencê-las.
Em Pernambuco, Caruaru, ao criar uma reserva ecológica em terras da Serra dos Cavalos ficará como testemunha do que existiu no passado e que o homem como grande predador, destruiu ao longo de sua vida.
Com exceção de pontos como a Fazenda Caruaru, em Serra dos Cavalos a vegetação de tempo presente em toda área do denominado polígno das secas é raquitica. O ecológo brasileiro Vasconcelos Sobrinho diz que "além de exceção a área da Fazenda Caruaru com a vegetação atual é relíquia. "
Não é difícil concluir que dois terços de todo o território nordestino possui um clima bem diferente do que experimentamos hoje. O cientistam Vascocelos Sobrinho vem chamando a atenção para o deserto em que o Nordeste vêm aceleradamente se transformando.
A reserva florestal da Fazenda Caruaru conta com uma variedade de espécies diferentes de árvores no seu belo e rico conjunto, que sobrevivem em clima frio, em regiões dos Estados Unidos e Europa. Uma especie de pinheiro identificada nas terras da Fazenda Caruaru conhecida cientificamente como BODOCARPOS existe (ou sobrevive?) há cinco mil anos no planeta terra.
A preservação da área (são 354 hectares ao todo, dos quais 238 são floresta) poderá propiciar ao homem do futuro o caminho para estudo de espécie de valor genético e social imprescindiíveis no campo da reprodução e na preparação de novos medicamentos.
Como negar que o "Parque Ecológico Municipal Professor Vasconcelos Sobrinho" será um patrimônio de todos os habitantes de Caruaru e dos Brasileiros?
A Câmara de Vereadores de Caruaru discutiu e aprovou a mensagem do prefeito José Queiroz que solicita autorização do legislativo para conveniar com a Universidade Federal de Pernambuco tendo por objetivo a instalação de uma estação ecológica no Município de Caruaru, em Serra dos Cavalos.
O funcionamento efetivo do "Parque Ecológico Municipal Professor Vasconcelos Sobrinho" (consolidando o projeto de lei de nossa autoria, aprovado em maio de 1983 e sancionado pelo Executivo como lei que tomou o número de 2.796) protejerá os recursos naturais existentes na Fazenda Caruaru. E resguardará a vegetação do tipo climático úmido seco, a fauna e árvores raras no Nordeste com destinação científica-econômica compatível com a reserva ecológica.
Tudo, mas tudo mesmo, para conhecimento das gerações futuras.
Autor:Souza Pepeu
Fonte: JC, 17 de abril de 1985
A minha pergunta: poderia um texto ecológico ser mais atual? A foto é, realmente, de Serra dos Cavalos em Caruaru, Pernambuco.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O fecho de um ciclo.

Em um dia como hoje, há 70 anos atrás, nascia Severino de Souza Pepeu.

Souza Pepeu, ainda pequeno descobriu o amor pelo jornalismo. Jovem, começou a trabalhar como radialista e tempo depois se formou em Direito na ASCES. Uma vez que na época era permitido que uma pessoa que fosse graduada em uma área atuasse em outra, Souza Pepeu continuou cada dia mais atuante no meio jornalistico.

Empenhado, fundou a Rádio Cultura do Nordeste. Em entrevista, foi perguntado porque escolheu o jornalismo como profissão, em resposta disse: “quando criança, imitava o meu tio Celso Rodrigues que era jornalista”. Nos seus quase 70 anos, 33 anos foram dedicados ao Sistema Jornal do Commercio, ainda trabalhou no Diario de Pernambuco, na TV Globo (chefe de reportagem), TV Tropical, (onde foi diretor em Caruaru), Jornal Vanguarda, (foi colunista) na Circuncisal do Nordeste (também vinculada ao sistema JC) e finalmente criou a revista Caruaru Hoje.

Em uma história interessante do passado, Souza Pepeu contou que em 1967, denunciou um surto de poliomielite que atingiu mais de cem pessoas, entre crianças e adolecentes. Graças a essa denúncia o governo agiu e controlou o problema, Souza disse que a maior satisfação foi ver que depois da denúncia o governo agiu.

Comunista declarado, Severino de Souza Pepeu contou ainda que a maior recompensa profissional veio quando ele publicou em 1970, denúncias de tortura, em seguida foi processado, quando julgado foi absolvido pelo juiz Aluiz Tenório de Brito. Se fez a seguinte indagação ao jornalista: Em algum momento a sua orientação política o atrapalhou profissionalmente? “De forma alguma. Eu sempre consegui deixar subentendido aos leitores o que não dava para escrever explicitamente.”

Essa não foi a primeira vez que Souza Pepeu foi alvo de repressão pela ditadura. Seu primeiro mandato de vereador foi cassado em 1964 em face da sua destacada atuação contra o golpe militar, tendo que sair de Pernambuco e se refugiar no Rio de Janeiro.

Souza Pepeu ganhou em 1969
o 1º lugar no Prêmio Esso/JC: "Cinquenta Anos de Fundação do Jornal do Commercio" pela matéria "Mãe, saudades sem fim".

Político atuante em prol das diretas já ao lado de Marcos Freire, Miguel Arraes e Fernando Lyra, Souza Pepeu em 1982 conquistou outro mandato como vereador de Caruaru. Visionário, seu maior projeto foi a criação da reserva ecológica de Serra dos Cavalos, o conhecido Parque João Vasconcelos Sobrinho, em um tempo que pouco, ou nenhum valor se dava ao tema ecologia.

Nós ultimos dez anos, Souza Pepeu se dedicou de corpo e alma a criação e manutenção da Revista Caruaru Hoje que traz carinhosamente como subtítulo "É o presente. É o passado que muitos olhos já viram".

Exercia também o cargo de diretor do Central Sport Club, clube que amava, assim como amava Caruaru.

Inesperadamente, em 25 de Agosto de 2010, Souza Pepeu foi convocado pelo andar de cima, em uma perda irreparável que o tempo não irá curar.

Perdeu Caruaru, perdeu a honestidade, perdeu a política. Perdeu-se um arquivo vivo da História de Pernambuco. Perderam muito mais seus amigos e familiares que não mais tem a sua presença e inteligência ímpar.

Souza Pepeu deixou do seu casamento com Clívia Maria Alencar Freire três filhos: a jornalista Fabianna Freire Pepeu, a mestre em computação Julianne Pepeu e o Procurador do Estado de Alagoas Sérgio Pepeu.

Em sua homenagem, ele que sempre defendeu a natureza, terá uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável com o seu nome: "Jornalista Souza Pepeu".

Souza Pepeu pediu que sua cinzas fossem jogadas nas proximidades da Saldanha da Gama, o que ocorrerá hoje. O ciclo se fecha. E Caruaru recebe em seu seio, quem sempre a amou.

*O presente post tem fragmentos da entrevista do jornalista às estudantes de jornalismo da FAVIP
Laurisvânia Marques e Djeinyelle Marques.

Sérgio Pepeu

domingo, 31 de outubro de 2010

Dilma é eleita a primeira mulher presidente do Brasil.

Após quatro meses de uma campanha em que temas morais e religiosos ofuscaram propostas concretas sobre temas importantes à nação, Dilma Rousseff é eleita a primeira presidente da história brasileira. A candidata petista derrotou o tucano José Serra em um segundo turno em que a abstenção superou os 20 milhões de eleitores.

Com mais de 99% dos votos apurados, a sucessora de Luiz Inácio Lula da Silva não vai alcançar a votação de 2006 do atual presidente. Naquele ano, Lula obteve mais de 58 milhões de votos, e Dilma somou cerca de 55 milhões.

Na comparação com o primeiro turno, Serra conseguiu reverter o resultado favorável à petista no Rio Grande do Sul e no Espírito Santo. No início do mês, Dilma venceu em 18 Estados, Serra levou em oito, e Marina Silva foi a mais votada no Distrito Federal. As urnas abertas neste domingo deram a petista como vitoriosa em 15 Estados e no Distrito Federal, e o tucano vencendo em 11 Estados.

Dilma confirmou a força do PT no Nordeste, vencendo em todos os Estados da região, em alguns deles com votação superior a 70% dos votos válidos como Maranhão e Pernambuco. A presidente eleita também teve uma vitória importante em Minas Gerais, reduto do PSDB que elegeu o tucano Antônio Anastasia em primeiro turno.

Trajetória

Quatro segundos. Nenhuma palavra. Uma mesa distante da do chefe. Essa foi a participação de Dilma Rousseff na primeira propaganda eleitoral do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Oito anos depois, ungida por seu mentor para sucedê-lo, a ex-ministra, na primeira disputa eleitoral de sua vida, transcendeu a fama de gestora sisuda para se tornar a primeira presidente da história brasileira.

Sem programa, um de seus desafios será provar que não é apenas uma sombra de Lula, dizem analistas. Além da confiança do presidente, o grande trunfo da petista foi a política de alianças adotada pelo PT e pelo próprio presidente para elegê-la. Graças ao apoio formal de PMDB, PCdoB, PDT, PRB, PR, PSB, PSC, PTC e PTN, a campanha de Dilma ganhou força com o início do horário eleitoral obrigatório. Com isso, a candidata ganhou personalidade.

Ficou por pouco o triunfo já no 1º turno, depois de uma onda de rumores e outra de denúncias envolvendo seus aliados. Para vencer na votação de 31 de outubro, a ex-ministra-chefe da Casa Civil teve de renovar seu pragmatismo assinando compromissos com religiosos, iniciar campanha negativa contra o rival José Serra (PSDB) e trocar a gagueira que a abatia nos idos de abril, na pré-campanha, por aquilo que chamou de “assertividade”, mas que foi considerado agressividade pelos adversários.

No caminho para ser hoje a presidente eleita do Brasil, Dilma sofreu para ganhar trânsito com políticos em geral e com eleitores mais animados em ver seu mentor do que a ela própria.

Precisou de dois Josés Eduardos para guiá-la: Dutra, presidente do PT, e Cardozo, secretário-geral do partido. Obediente e pragmática, atendeu prontamente aos conselhos do marqueteiro João Santana. Adotou novo visual.

A presidente eleita forjada na campanha é diferente da especialista em energia que, com seu temperamento forte, foi alçada ao primeiro time do governo após o escândalo do mensalão, em 2005.

Neste ano, tentou aliviar a imagem da mulher que passava descomposturas em colegas ministros. “Sou uma mulher dura cercada de homens meigos”, costuma dizer, em tom de ironia. Buscou evitar confrontos, mas às vezes partiu para o ataque, principalmente em momentos-chave do segundo turno.

Momentos da campanha

Filiada ao PT há menos de uma década, a ex-pedetista Dilma conquistou seu primeiro cargo público pelo voto. No fim dos anos 80, ninguém pensava que a secretária de Finanças de Porto Alegre iria tão longe.

O mesmo se passou com quem a visse na mesma pasta do governo gaúcho, anos depois. Agora ela terá quatro anos para provar se é capaz de atuar como protagonista, e não como uma mera coadjuvante.

Sem programa

Dilma não precisou de uma Carta ao Povo Brasileiro –nos moldes da divulgada por Lula antes da campanha de 2002, indicando que não faria mudanças radicais na economia.

Mas, no segundo turno, comprometeu-se com questões religiosas. Após uma campanha contra ela em igrejas católicas e templos evangélicos, prometeu não enviar ao Congresso projetos que interfiram nesses assuntos. Assim, estancou a polêmica sobre sua posição a respeito da liberação do aborto.

“Em uma campanha com candidatos tão parecidos, essa carta foi um momento importante porque evitou maior acirramento e colocou as coisas no lugar”, disse ao UOL Eleições o cientista político Luciano Dias, do Ibep (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos).

“A Dilma neobeata foi mais um sinal de pragmatismo. É um sinal de que a governabilidade será tão ou mais importante do que foi para Lula, já que ela não tem o mesmo estofo”, afirma Dias.

A presidente eleita insistiu tanto na defesa de avanços recentes que nem sequer apresentou plano de governo. “Sabemos o que acontecerá na parte econômica? Não. Sabemos se haverá reformas? Não. O que sabemos é que Dilma terá a sombra de Lula do começo ao fim de seu governo”, afirma Cláudio Couto, da FGV (Fundação Getúlio Vargas). "O sinal dado por sua campanha é de que as coisas vão continuar mais ou menos como estão.”

Ainda assim, com tantas dúvidas sobre o que virá, não houve solavancos no mercado financeiro. Está subentendido que serão mais quatro anos de autonomia não-formal do Banco Central, de câmbio flutuante, de investimento em infraestrutura e de medidas macroeconômicas em fatias, raramente em forma de pacotes. “A conversão do PT já está feita. Lula vai sair carregado nos braços, e o mercado já não liga”, afirma Dias.

A volúpia do PMDB e de aliados à esquerda, como PSB e PCdoB, mais poderosos depois das eleições 2010, também acende dúvidas sobre se a presidente eleita será capaz de acomodar tantos aliados de primeira hora em seu governo.

Adversários acusam e aliados reconhecem: Dilma não terá a mesma capacidade de articulação exercida por Lula. “E seria diferente se Serra vencesse?”, pergunta Couto.

Sem teflon

Na campanha, a presidente eleita mostrou que aprendeu mais uma lição de seu maior defensor: deixar pelo caminho aliados que se envolvam em práticas suspeitas.

Na reta final das eleições, Dilma sofreu ataques dos adversários por conta de sua ex-braço direito na Casa Civil, Erenice Guerra, demitida do ministério depois que seu filho se envolveu com lobistas. Lula fez o mesmo com José Dirceu e Antonio Palocci.

“Não vou aceitar que se julgue a minha pessoa com base no que aconteceu com um filho de uma ex-assessora”, disse Dilma. As pesquisas citaram o caso Erenice como principal fator para a disputa do segundo turno.

“A popularidade do Lula é resultado de décadas. A maior parte da popularidade de Dilma não vem dela mesma”, afirma Dias, do Ibep. “Até pela folgada maioria no Congresso, ela será mais observada pela mídia.”

Alguns dizem que Dilma esquentará o principal assento do Palácio do Planalto para que Lula retorne em 2014. Outros preferem vê-la como uma mulher forte, que sobreviveu à prisão e ao câncer para golpear um cenário político repleto de caras antigas. Uns tantos a consideram uma burocrata que terá dificuldades para conduzir o país por falta de ginga com os políticos de Brasília.

Com uma trajetória que só começou a ser conhecida há poucos meses, talvez o Brasil precise de quatro anos para saber a resposta.

Faltam referências –e plano de governo divulgado– para definir-se o que Dilma buscará de diferente em relação a Lula. Se é que fará isso. O dado concreto –como a própria gosta de dizer– é que ela ascendeu de figurante em 2002 a estrela em 2010.

Fonte: Uol

Reportagem: Carlos Bencke e Maurício Savarese

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Souza Pepeu e Cid Sampaio.

Em homenagem a partida de ambos para o andar "de cima". Souza Pepeu, à época radialista da Rádio Difusora do Nordeste e Cid Sampaio, Governador do Estado de Pernambuco. A data é 11.12.1959. Colação de grau de contadores, onde o Governador foi Paraninfo. Auditório do Colégio de Caruaru.

domingo, 24 de outubro de 2010

O central recupera credibilidade.


ENTREVISTA » JOÃO TAVARES

O empresário João Tavares é uma novidade à frente da diretoria do Central e foi eleito para a presidência do clube derrotando antigos caciques do futebol caruaruense. Em seu primeiro ano como diretor, ele já colocou um pouco de ordem na complicada questão financeira da instituição e anuncia novas contratações para o Campeonato Pernambucano de Futebol 2011. A gestão traz mais esperança para os torcedores centralinos, que sonham com a conquista de um título estadual. Nesta entrevista, João Tavares fala sobre os desafios e os planos para que a Patativa possa alçar voos mais altos.

JC – Por que você quis ser presidente do Central?

JOÃO TAVARES – Primeiro por ser uma pessoa nascida e criada em Caruaru, por ter passado pelo Central na divisão de base, de 1984 a 1987, por amar a terra e gostar de futebol. Sempre tive um carinho muito especial pelo Central. Na soma de tudo isso, e apoiado por algumas pessoas, resolvi enfrentar esse projeto de administrar o clube.

JC – Como estava o clube antes e agora, principalmente na parte financeira?

JOÃO TAVARES – O clube estava numa situação difícil, com funcionários sem receber salários há vários meses. Resolvemos isso e investimos na recuperação do Estádio Luiz Lacerda, que estava interditado pela Federação Pernambucana de Futebol. O clube também devia em algumas lojas do comércio de Caruaru e praticamente quitamos tudo. Hoje o Central recuperou a credibilidade, com o esforço de toda a diretoria.

JC – Como o senhor avalia a atuação do Central na Copa Pernambuco?

JOÃO TAVARES – Temos a intenção de fazer da Copa Pernambuco um laboratório para o Campeonato Pernambucano de 2011, então já era esperado os altos e baixos que o time está passando. Fizemos uma partida muito boa contra o Santa Cruz e fomos muito mal contra o Porto. Mas o importante de tudo isso é que a diretoria está atenta para que no final da competição a gente possa fazer uma peneirada e aproveitar alguns jogadores.

JC – Como a Patativa está se preparando para o Campeonato Pernambucano 2011?

JOÃO TAVARES – Já estamos trabalhando, mas o preparativos começam para valer no dia 1º de dezembro. Além de aproveitar alguns jogadores da equipe atual, vamos fazer novas contratações.

JC – Quantos novos jogadores serão contratados?

JOÃO TAVARES – Vamos ficar com uns dez jogadores, entre os da base e os que disputam a Copa Pernambuco, e contratar pelo menos mais 16 atletas. Pretendemos fazer um grupo com 26 jogadores, sendo três goleiros e dois jogadores para cada posição, mais uns três ou quatro para completar os treinamentos. Deveremos trazer jogadores do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, do interior, como também de Minas Gerais e do Paraná. E existe a possibilidade de trazermos jogadores do São Paulo, conforme uma parceria que já iniciamos esse ano.

JC – É possível tratar o futebol como negócio?

JOÃO TAVARES – No Central é muito difícil, tudo no clube é complicado. As pessoas que passaram por aqui já tinham me falado sobre isso, mas quando vim para o clube sabia que tinha todas essas dificuldades. Hoje o Central é um clube onde você só gasta, só investe, mas a gente faz por amor ao time e à cidade. Coloquei-me à disposição para dar o melhor pelo Central e assim vou fazer.

JC – Como fazer para o futebol do interior evoluir mais?

JOÃO TAVARES – No interior ou na capital, o mais importante é investir na categoria de base, mas infelizmente hoje nós não temos uma categoria de base, nós montamos uma praticamente às pressas. O Central tem um terreno muito bom nas margens da BR-104, mas precisa de investimento financeiro para fazer ali uns três campos e investir na categoria de base. Se a cada ano você conseguir negociar um jogador, o time já se sustenta. E depois disso, o Central precisa ganhar um título pernambucano. Só existem dois Estados em que um time do interior não foi campeão: Rio de Janeiro e Pernambuco. Para conquistar títulos é preciso manter um grupo homogêneo, com jogadores comprometidos com o clube e com a cidade.

Fonte: Jornal do Commércio

Edição de 18.10.2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tempo

Tempo que tempo.

Tempo que traz saudade.

Tempo que passa rápido.

Tempo que deveria acalmar.

Tempo que deveria curar as feridas.

Tempo que não segue a lógica do próprio tempo.

Pois ao mesmo tempo, que o tempo passa, o tempo faz tua lembrança ficar mais distante.

E não há tempo que cure esse mal, o mal do tempo que traz saudade.

Sérgio Pepeu.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mãe, saudades sem fim.

SÃO JOSÉ DO EGITO, PE.
O coração de José (Jotinha) Siqueira Tunu, implantado em Clarismundo Praça, na terceira operação de transplante realizada no Brasil, deverá ser reclamado na justiça pela do jovem pernambucano que foi assassinado em São Paulo, num assalto a um posto de gasolina, estando sendo providenciada a viagem do seu irmão mais velho para tratar do assunto na capital paulista.
Esta decisão foi tomada ao meio-dia e meia de ontem, quando a reportagem localizada no Sítio Santana, na casa reservada aos moradores de uma grande propriedade a menos de 100 metros do leito seco do Pajeu, os pais e quatro irmãos de jotinha, antes cumprida a delicada missão de informar a todos, presentes inúmeros vizinhos, a morte o destino dado ao coração de José Siqueira Tunu.
O Sítio Santana pertence ao Município de São José do Egito, e fica a 29 km da sede, embora toda influência econômica da área seja exercida pela cidade de Tuparetama, da qual dista 11 km.
Nesse lugar residem os familiares de Jotinha: Leôncio Sobrinho de Siqueira e sua esposa Maria Inácia Tunu, além dos filhos Inácio, Francisco, Reginaldo e José Eudes - com a ausência definitiva que é motivo das lágrimas que rolam sobre a face de dona Maria Inácia, com a morte do predileto Jotinha, "o filho que eu mais estimava".
ALEGRIA É O PAJEU
Morando numa região onde a alegria só tem vez quando o rio Pajeu toma água, cedendo a condição de longo e sinuoso caminho de areia no verão, situação presente, os familiares do sertanejo pernambucano que teve seu coração traansplantado para Clarismundo Praça, são as próprias imagens de uma região inóspita, vivendo às expensas do trabalho alugado, todos lutando pelo direito de viver, na propriedade de um primo, João Tunu, residente em Tuparetama.
Desde cedo vão se acostumando ao trabalho na agricultura e pecuária e, a exemplo dos irmãos Reginaldo e José Eudes, de onze e de nove anos de idade, respectivamente, Jotinha foi um rapaz dedicado ao trabalho e a família, especialmente a sua mãe, ajudando a todos financeiramente.
O SONHO DE JOTINHA
A imagem diária do trabalho pesado e difícil de ser encontrado, mesmo para quem possui a disposição e capacidade extraordinárias de trabalho como o homem do Sertão, levou Jotinha a pensar numa atividade compensadora, onde pudesse contar com maiores recursos financeiros, para oferecer dias de vida melhores à sua mãe, a quem dedicava atenção especial.
Alfabetizado, conhecedor das quatro operações, começou a pensar e a falar em São Paulo, como o eldorado capaz de realizar o que sonhava. Sua mãe sempre foi contrária a idéia, argumentando que sua pouca idade, 20 anos à época, nascido e criado naquele sítio, sem nenhuma experiência de vida numa grande cidade, acarretariam uma série de problemas que, talvez, Jotinha não pudesse enfrentar.
Finalmente, ele partiu no mês de outubro de 1967, precisamente no dia 18, depois de convencer dona Maria Inácia que as presenças das tias Maria José, Maria Sobrinho, e dos primos Lula, Severino, Inácia, Valdeci, Valdemir, Valdemar, Creusa, Elias, Inácio, Caboclo e José Suprimo, todos ganhando muito dinheiro e vivendo bem em São Paulo, asseguravam um emprego rendoso, o que seria bom até para os que ficavam.
E Jotinha tinha muita razão. Tudo decorreu como imaginara. Chegando em São Paulo arranjou uma colocação num posto de gasolina, onde passou a perceber NCr$ 165,00 por mês, dinheiro que trabalhando, um ano, no Sítio Santana, jamais conseguira.
BOM FILHO
Distante dos seus, aí foi que José Siqueira Tunu provou suas qualidades de trabalhador, bom filho e irmão, jamais esqueceu os que ficavam. Mensalmente enviava dinheiro e presentes. Cogitou em visitar o seu pessoal em junho do ano passado. Depois adiou a viagem para dezembro. Sua última carta, datada de 19 de outubro de 1968, dizia o seguinte: "Mãe, saudades sem fim. Minha querida mãe, é nesta hora de alegria que pego neste feliz lápis e somente para dar minhas notícias. Até o fazer desta fico com saúde, graças ao bom Deus. Mãe, Maria José e Inácia mandam muita lembrança para todos de casa. Mãe, mande dizer se Inácio já casou. Vai 50,00 mil e 2 cortes de pano para pai e Inácio e eu depois mando para mãe e Mocinha e os meninos, que agora não deu tempo, porque Inácio saiu com muita pressa. Mãe, eu recebi a cartinha que José de Tobias trouxe e o Alfinim. Mande dizer quem escrevel aquela carta que Zé de Tobias trouxe, que foi muito boa. Dê um abraço em pai e nos meninos por mim e um beijo em minha mana que é Mocinha. Agora vai as lembranças para meus amigos. Lembranças para Geci e Liquinha e Zezinho e Nelson e Otávio e Manuel Zuza (irmão da minha noiva) e seu Pedro Zuza, e também para o tio Expedito e tio Izídio e tio José Tunu e também para Dalvinha e comandre Joana e pai velho e mãe velha e Bebé e Caboclo e macinha de Otacílio. Lula e Josete manda muita lembrança. Já dar para aborrecer este jornal. Nada mais do seu filho que não lhe esquece. Jotinha Siqueira Tunu".
NOTÍCIAS & DÚVIDAS
Um telegrama vindo de São Paulo, remetido por Maria José, sua tia, dizia: "Jotinha acidentado, está passando mal". Mocinha foi quem apanhou no Correio de Tuparetama, a mensagem. Antevendo o choque que a notícia provocaria em dona Maria nácia, riscou a palavra mal e escreveu "bem". Mesmo assim, desde que leu o telegrama, a genitora de Jotinha não mais se alimentou, nem dormiu, pensando em acontecimento mais grave, o que realmente acontecera, vindo a confirmação da morte pela reportagem. Algumas pessoas da família, a exemplo de Inácio, o mais velho dos irmãos de Jotinha, tinham conhecimento do estado grave de saúde do rapaz, embora não falassem nada em casa, sabedores da verdadeira afeição que lhe dedicava sua mãe.
CORAÇÃO PERTENCE À FAMÍLIA
O coração de José Siqueira Tunu deverá ser tema para muito assunto ainda, porque a família está indignada com o procedimento da equipe médica do professor Euríclides de Jesus Zerbini, responsável pela operação de transplante do órgão para o corpo de Clarismundo Praça, sem autorização. O pai de Jotinha, sr. Leôncio, disse que "nem um dedo consentiria que se retirasse do filho, imaginem o coração, enfatizando: "não queria estar perto". Francisca, uma moça de olhos azuis, muito parecida com o irmão assassinado, foi de opinião que ele "deveria ter sido enterrado como nasceu". Sua mãe, pressionada pelos demais parentes, embora admitisse inicialmente a idéia de doação, acabou concordando com as outras opiniões e perguntou ao repórter como procederia se o caso fosse com um seu parente.
Inácio queria Jotinha no túmulo: "perfeito, não existindo pedido para o consentimento de arrancar o coração do meu irmão". Será o membro da família que viajará para São Paulo com a finalidade de discutir com os demais parentes a maneira de se contratar um advogado para mover a ação competente para indenização do coração de Jotinha, vivo de amor pela sua noiva Corina.
Inácio já cuidava dos documentos para viajar em Junho próximo a São Paulo, desejoso também de conseguir um emprego, a exemplo do irmão morto. Agora, pensa apenas em resolver o caso e voltar para junto dos pais porque "São Paulo não é tão bom como eu pensava".
AUTORIDADES FALAM
O prefeito de São José do Egito, Sr. José Vilela Torreão, declarou que "se o problema presente fosse com uma pessoa de minha família, eu protestaria. Sou a favor das operações de transplante, desde que a medicina determine a morte definitiva. Autorizaria até de um filho meu se a morte estivesse comprovada. Discordo do modo como foi procedida com o nosso conterrâneo da família Tunu".
Já o pároco desta cidade, padre Mário Costalunga, põe dúvidas quanto ao falecimento do doador: "a equipe médica tem interesse no transplante e pode precipitar-se na determinação da morte".
Concorda com esse tipo de intervenção cirúrgica, desde que a morte clínica seja precisada, não achando correta a maneira de agir do pessoal do Hospital das Clínicas de São Paulo ao não consultar os familiares de Jotinha.
Por sua vez o advogado e professor José Rabelo de Vasconcelos é de opinião que a tese da morte cerebral é válida e acredita num acerto médico quanto à morte de José Siqueira Tunu, concordando com os transplantes. Discorda da não consulta à família, sendo de opinião que a mesma deve ser indenizada.
Para a sra. Neuza Menezes, proprietária de um restaurante e mãe de quatro filhos, não havia justificativa que lhe fizesse autorizar a extração de um órgão de filho seu ou parente, não tendo dúvidas em contratar um advogado para processar quem fosse o responsável por uma questão como a do rapaz do Sítio Santana; enquanto dona Josefa Torres da Costa, ainda parente de José Siqueira Tunu, foi taxativa: "se a decisão coubesse a mim, faria a doação de todo o coração e prestaria um grande benefício, ao salvar uma vida".
Reportagem: Souza Pepeu
Fotos: Bony Silva
1º lugar no Prêmio Esso/JC: "Cinquenta Anos de Fundação do Jornal do Commercio" (1969)
Premiação: Viagem à Europa.

Nota de Sérgio Pepeu: O médico Euríclides de Jesus Zerbini foi o responsável pelo primeiro transplante de coração no Brasil. Clarismundo Praça, que recebeu o coração de Jotinha no terceiro procedimento ocorrido no nosso país (06-01-1969), faleceu oitenta e três dias após a cirurgia. Não há registro se foi proposta ação indenizatória por parte da família de Jose Siqueira Tunu.

domingo, 29 de agosto de 2010

Adeus, meu Painho.


"Quem tem saudade não está sozinho
tem o carinho da recordação
por isso quando estou mais isolado
estou bem acompanhado com você no coração"

Frevo da Saudade de Nelson Ferreira.

Saudade da sua inteligência política ímpar.
Saudade do seu amor, a mim compartilhado e ensinado, com o nosso Central.
Saudade de tempos que não mais voltam.
Saudade, antes de tudo, de você, meu painho.


Sérgio Pepeu.