terça-feira, 16 de novembro de 2010

O fecho de um ciclo.

Em um dia como hoje, há 70 anos atrás, nascia Severino de Souza Pepeu.

Souza Pepeu, ainda pequeno descobriu o amor pelo jornalismo. Jovem, começou a trabalhar como radialista e tempo depois se formou em Direito na ASCES. Uma vez que na época era permitido que uma pessoa que fosse graduada em uma área atuasse em outra, Souza Pepeu continuou cada dia mais atuante no meio jornalistico.

Empenhado, fundou a Rádio Cultura do Nordeste. Em entrevista, foi perguntado porque escolheu o jornalismo como profissão, em resposta disse: “quando criança, imitava o meu tio Celso Rodrigues que era jornalista”. Nos seus quase 70 anos, 33 anos foram dedicados ao Sistema Jornal do Commercio, ainda trabalhou no Diario de Pernambuco, na TV Globo (chefe de reportagem), TV Tropical, (onde foi diretor em Caruaru), Jornal Vanguarda, (foi colunista) na Circuncisal do Nordeste (também vinculada ao sistema JC) e finalmente criou a revista Caruaru Hoje.

Em uma história interessante do passado, Souza Pepeu contou que em 1967, denunciou um surto de poliomielite que atingiu mais de cem pessoas, entre crianças e adolecentes. Graças a essa denúncia o governo agiu e controlou o problema, Souza disse que a maior satisfação foi ver que depois da denúncia o governo agiu.

Comunista declarado, Severino de Souza Pepeu contou ainda que a maior recompensa profissional veio quando ele publicou em 1970, denúncias de tortura, em seguida foi processado, quando julgado foi absolvido pelo juiz Aluiz Tenório de Brito. Se fez a seguinte indagação ao jornalista: Em algum momento a sua orientação política o atrapalhou profissionalmente? “De forma alguma. Eu sempre consegui deixar subentendido aos leitores o que não dava para escrever explicitamente.”

Essa não foi a primeira vez que Souza Pepeu foi alvo de repressão pela ditadura. Seu primeiro mandato de vereador foi cassado em 1964 em face da sua destacada atuação contra o golpe militar, tendo que sair de Pernambuco e se refugiar no Rio de Janeiro.

Souza Pepeu ganhou em 1969
o 1º lugar no Prêmio Esso/JC: "Cinquenta Anos de Fundação do Jornal do Commercio" pela matéria "Mãe, saudades sem fim".

Político atuante em prol das diretas já ao lado de Marcos Freire, Miguel Arraes e Fernando Lyra, Souza Pepeu em 1982 conquistou outro mandato como vereador de Caruaru. Visionário, seu maior projeto foi a criação da reserva ecológica de Serra dos Cavalos, o conhecido Parque João Vasconcelos Sobrinho, em um tempo que pouco, ou nenhum valor se dava ao tema ecologia.

Nós ultimos dez anos, Souza Pepeu se dedicou de corpo e alma a criação e manutenção da Revista Caruaru Hoje que traz carinhosamente como subtítulo "É o presente. É o passado que muitos olhos já viram".

Exercia também o cargo de diretor do Central Sport Club, clube que amava, assim como amava Caruaru.

Inesperadamente, em 25 de Agosto de 2010, Souza Pepeu foi convocado pelo andar de cima, em uma perda irreparável que o tempo não irá curar.

Perdeu Caruaru, perdeu a honestidade, perdeu a política. Perdeu-se um arquivo vivo da História de Pernambuco. Perderam muito mais seus amigos e familiares que não mais tem a sua presença e inteligência ímpar.

Souza Pepeu deixou do seu casamento com Clívia Maria Alencar Freire três filhos: a jornalista Fabianna Freire Pepeu, a mestre em computação Julianne Pepeu e o Procurador do Estado de Alagoas Sérgio Pepeu.

Em sua homenagem, ele que sempre defendeu a natureza, terá uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável com o seu nome: "Jornalista Souza Pepeu".

Souza Pepeu pediu que sua cinzas fossem jogadas nas proximidades da Saldanha da Gama, o que ocorrerá hoje. O ciclo se fecha. E Caruaru recebe em seu seio, quem sempre a amou.

*O presente post tem fragmentos da entrevista do jornalista às estudantes de jornalismo da FAVIP
Laurisvânia Marques e Djeinyelle Marques.

Sérgio Pepeu